terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Não caia espelho

Espelho, espelho meu... Existe alguém mais demente do que eu?
Querido e distorcido reflexo.. eu cometi a maior das maiores loucuras dessa vida.
Me apaixonei.
Me apaixonei por um robô.

Claro que não foi assim, um ato tão insano e irresponsável.
Ele parecia encantador. E tão quente, tão humano
Gentil como a neve que pousa no chão nos dias frios; Sorridente como um sol de verão na praia; Meigo como a joaninha que desce de uma flor; Inteligente, forte, carinhoso, SURPREENDENTE.
Ele era incrível, querido espelho. Nunca fui tão feliz na minha vida inteira. JURO'
Mas o tempo foi passando e me acostumei com a presença dele sem nunca perceber sua bateria descarregando. E o tempo foi passando e ele foi resolvendo seu problema de recarga sozinho.
Até um dia em que acordei para ver e descobri que ele recarregava sua bateria graças a outras que davam mais atenção.

Ah espelho, porque? Porque fui tão cega? Porque não soube cuidar?
Talvez porque nunca tive um robô antes. Talvez porque não conhecia algo desse tipo e por isso não soube lidar e nem cuidar.
Os humanos erram, e sofrem por errar. Pagam seu preço caro e com juros.
Nunca gostei muito de humanos.
Por isso me encantei cegamente por um robô.
Só que esse robô, quanto mais frio foi ficando, mais humano começou a me parecer.
Mais dor ele me proporcionava. O que eu não sabia é que além de não vir com manual de instruções de uso, ele também roubaria algo meu.
Ao utilizar os serviços desses incrível robô, eu teria que entregar meu coração para que ele pudesse estar ao meu lado, mas quando ele fosse embora, acabaria consumindo e não podendo devolver o que de fato me possuía.
Aprendo agora a conviver com esse novo robô, que ainda é o mesmo, mas que possui outros órgãos para consumir.
Agora o robô é mesmo um robô. Agora quando olho para ele, vejo mesmo um robô.
Frio, pensador, inalterável e, até mesmo, indiferente.

Mas o que fazer agora, espelho sem astes?
Meu coração foi consumido.
Não me resta opção a não ser estar com ela.
Estou virando um robô também.
Estou sendo a egoísta de sempre, porém estou começando a parar de me importar e ir atras da dor. Não sei mais se me encontro em desespero ou ansiedade.
Não sei nem se o que eu quero é meu coração de volta e sair desse caminho ou se quero virar uma completa robô só para poder estar ao lado dele.
Acredito que seja esse meu desespero. A falta de uma resposta, a falta de atenção.
A falta dele acreditando em mim.
A falta de carinho.
Pois ainda me resta restos de humana nessa pele asquerosa. Ainda possuo sentimentos bons, porém incontroláveis.



Eu não sei viver sem ter carinho, é a minha condição ♫

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